Hospedagem no horto oferece refúgio do calor e do agito

por Carlota Cafiero e Claudio Vitor Vaz

Área de piquenique sob as sombras dos pinheiros, no Horto Florestal de Campos do Jordão. Foto: Claudio Vitor Vaz

Calor de quase 40 graus, ansiedade e estresse com as festas de fim de ano, fechamento de ciclo… nada disso nos afetou nos últimos dias de 2023, pois decidimos passar o feriado no mato, mas não qualquer mato: nosso refúgio foi num lodge dentro do Parque Estadual de Campos do Jordão, área de proteção ambiental conhecida como Horto Florestal – a cerca de 264 km de Santos.

Antiga capela totalmente restaurada. Foto: Claudio Vitor Vaz

Criado em 1941, no coração da Serra da Mantiqueira, o parque possui mais de 8 mil hectares de remanescentes das matas Atlântica e de Araucária, com milhares de espécies de plantas e animais silvestres, e uma sensação térmica sempre agradável.

Além da natureza exuberante, o parque se destaca como um complexo de lazer, passeios ecológicos e gastronomia, com opções de trilhas a pé ou de bicicleta, esportes de aventura, cachoeira, mirantes, parquinho, passeio com trenzinho, áreas de descanso e piquenique, lagos com pedalinhos, bons restaurantes e cafés, e, o mais impressionante: hospedagem para uma imersão mais duradoura na natureza.

Uma das muitas lagoas com vitórias-régias do horto. Foto: Claudio Vitor Vaz

Pernoitar ali é uma experiência única e inspiradora, para todo tipo de viajante – solitário, em casal ou família, e, principalmente, para as crianças das cidades, que se encantam em poder brincar e correr à vontade na natureza, e em observar os animais, de um simples grilo aos simpáticos macacos-prego que descem das árvores para nos xeretar.

Área central do parque, com fogueira, food truck e food bike do Dona Chica. Foto: Claudio Vitor Vaz

Ao passarmos pela entrada de visitantes, com um pequeno centro de informações sobre o horto e uma loja de suvenires, deparamos com a área central do Parque, uma grande clareira com estrutura para descanso e gastronomia, com o charmoso Café do Parque e os coloridos food truck e a food bike do restaurante Dona Chica – tudo apresentado com muito bom gosto e capricho.

Espaço para descanso na área central. Foto: Claudio Vitor Vaz

Chega-se ao horto pela Avenida Pedro Paulo, toda asfaltada e sinalizada. Viajamos a convite do Guia Campos, portal pioneiro sobre a região, que nos apresentou ao Aventoriba Lodge, com mais de uma dezena de chalés, alguns adaptados de antigas casas de funcionários do parque – onde funcionou uma serraria na primeira metade do século 20.

Antiga hospedaria convertida em lodges e num elegante café pelo Aventoriba Lodge. Foto: Claudio Vitor Vaz

O empreendimento começou em 2021, com quatro lodges, erguidos a partir de construções histórias, de mais de 80 anos, e ganharam os nomes de espécies de pássaros ali existentes: Sanhaço, Tico-Tico, Tangará e Pavó (veja mais no site aventoribalodge.com.br).

Entre as mais novas unidades está a Toca do Macaco, uma estrutura de quatro lodges, erguida no lugar de uma antiga hospedaria. Lembra um chalé de montanha, com mezanino e uma grande parede de vidro voltada para a mata.

Complexo Toca dos Macacos, erguido sobre antiga hospedaria, que abriga quatro lodges independentes. Foto: Claudio Vitor Vaz

Inaugurado ainda na pandemia, o Aventoriba surgiu da parceria do advogado e empresário Adolpho Júlio Kok Carvalho com o arquiteto e hoteleiro Aref Farkouh, dono do tradicional hotel Toriba (sobre o qual escrevemos, em reportagem de 2020). “Numa época em que muitas pessoas estavam com medo, criamos coragem e decidimos dar um passo adiante”, lembra Carvalho, que idealizou a hospedagem e contou com a expertise do sócio para adaptar e equipar os lodges.

Interior do lodge Sagui, na Toca dos Macacos. Foto: Claudio Vitor Vaz

“(O Horto) foi o primeiro parque de preservação ambiental no Brasil a oferecer hospedagem aos visitantes, para uma experiência única e exclusiva na natureza, a exemplo de outras iniciativas pelo mundo, como o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, e o Deserto do Atacama, no Chile”, compara Carvalho.

A maior parte do mobiliário dos lodges é artesanal e assinado. Foto: Claudio Vitor Vaz

O advogado possui relações históricas com o lugar: seu bisavô, o engenheiro dinamarquês Holger Jensen kok, foi proprietário da extinta Fazenda da Guarda, doada ao Estado para a criação do parque. Uma parte das terras ficou com a família, sob o nome de Fazenda Gravatá, área com mata nativa e água abundante.

Mezanino do lodge Sagui, com parede de vidro que dá vista para a mata. Foto: Claudio Vitor Vaz

Simplicidade e conforto
A 14 quilômetros do agito de Campos, o Aventoriba segue o conceito mundial de lodges, um estilo de hospedagem que se popularizou com os safáris de observação na África, pela proposta de conectar o viajante à natureza selvagem, em alojamentos simples e aconchegantes.

Lodge vermelho Tangará, adaptado de antiga casa de funcionários do parque. Foto: Claudio Vitor Vaz

Os lodges do horto são espaçosos, com até quatro quartos, mobiliário artesanal e assinado, amplas janelas e portas de vidro, camas king size, aquecedores elétricos, copa, banheiros grandes, ducha a gás e água mineral à vontade, além de wi-fi.

Lodge verde Tico-tico, também erguido a partir de antiga casa de funcionários, Aventoriba Lodge. Foto: Claudio Vitor Vaz

Nossa estada foi no Graúna, nome de uma das 186 espécies de aves identificadas no horto. Localizado no alto do parque, ao lado do restaurante Bonanza Parrilla (dos sócios Carvalho e Farkouh), o Graúna hospeda bem até três pessoas, com cama de casal e uma de solteiro.

Entrada do lodge “Graúna”, Aventoriba Lodge. Foto: Maria Paula Vaz

Foram dias tranquilos, sob sol, chuvas intensas ou noites estreladas, sendo que os únicos “intrusos” do nosso jardim privativo foram borboletas, maritacas e vaga-lumes, além do aroma da costela defumada por 12 horas do Bonanza, que vinha nos tentar sempre na hora do almoço. O restaurante pertence aos mesmos sócios do Aventoriba.

Interior do Lodge “Graúna”, Aventoriba Lodge. Foto: Maria Paula Vaz

Serviço: Parque Estadual Campos do Jordão (Av. Pedro Paulo, s/n), Campos do Jordão Telefones: (12) 3663-3762 / (12) 3663-1977 / (12) 3663-3804. Ingressos: R$ 19,00 e R$ 9,50(meia-entrada). Estacionamento: R$ 20,00 (carro) e R$ 10,00 (moto). Mais informações no site: parquecamposdojordao.com.br.