Das profundezas de Serra Pelada ao Mirante do Sesc

No domingo, nossa fome de cultura continuava voraz. A dica foi vermos a exposição Gold – Mina de Ouro Serra Pelada, do fotógrafo Sebastião Salgado, que ficou entre julho e início de novembro, no Sesc Avenida Paulista. As fotografias, suspensas do teto, em grandes formatos, em tons de sépia, são de uma beleza e tragédia impressionantes.
Maria Paula, sentada nos ombros do pai, observou uma a uma, enquanto lágrimas teimavam em aparecer em nossos olhos, diante das imagens do maior garimpo a céu aberto do mundo, na região da Amazônia Paraense. São cenas captadas na década de 1980, que revelam a realidade dos cerca de 50 mi trabalhadores em atividade na jazida, de onde foram retiradas, ao preço de sangue, suor, lágrimas e vidas, toneladas de ouro, no auge do período de extração.
Ainda meio tontos com as fotos, subimos vários andares, de elevador, até o café do Mirante do Sesc, onde Maria Paula estreou seu tão desejado binóculo – comprado em uma das muitas lojinhas orientais do bairro da Liberdade. Dali do alto, a pequena espectadora observou, em silêncio, a movimentada, iluminada e mais famosa avenida de São Paulo.