SP com crianças: ‘deixa a família passar!’

Maria Paula curtindo a vista do Mirante do Sesc Avenida Paulista, (Foto: Claudio Vitor Vaz)

Em outros passeios, em São Paulo, já dormimos duas vezes em hostel, com Maria Paula: perto da Avenida Paulista e na Vila Mariana, e em uma dessas experiências, foi muito legal, pois permitiu interação com pessoas de diferentes partes do mundo. Mas, desta vez, optamos por pernoitar com um pouco mais de conforto e privacidade e alugamos um apartamento tipo kitnet/estúdio, reservado pelo serviço de hospedagem comunitária via internet Airbnb.

Foi um fim de semana sem carro, mas nossa locomoção não ficou pouco comprometida, pois estávamos dispostos a andar de ônibus, metrô, a pé (com Maria no carrinho) e carro por aplicativo. O bacana de flanar pela cidade é entrar em qualquer lugar ou rua que nos parece interessante, sem preocupação de onde estacionar.

Já na chegada, eu e Maria Paula fomos direto para o Sesc Consolação, a fim de descansar, almoçar e nos distrairmos um pouco até papai Claudio resolver uns compromissos agendados na Capital e se encontrar com a gente.

Ali, descobrimos que o Sesc Consolação não tem espaço permanente para as crianças brincarem (apenas sábados de tarde) nem biblioteca – mas uma hemeroteca, com revistas para crianças e para leitura de adultos. É uma unidade basicamente dedicada aos esportes e ao teatro, pois é onde funciona o famoso CPT – Centro de Pesquisa Teatral, que era encabeçado pelo diretor Antunes Filho, recém-falecido, e o Teatro Anchieta.

Aproveitamos que estava perto da hora do almoço para escolher o menu e aguardar a comidinha gostosa, saudável e bastante acessível do Sesc, com suco de fruta e sobremesa. Comemos acompanhadas de diversos estudantes do Mackenzie e alunos de arte da USP, além de trabalhadores do entorno.

Um pouco depois, subimos à hemeroteca para ler gibis e folhear revistas e jornais. Maria Paula já estava entediada de explorar aquele ambiente quando papai Claudio nos encontrou no Sesc, onde aproveitou para almoçar, e rumamos para conhecer o apartamento alugado pela internet.

Todo reformado e adaptado para hospedar com conforto um casal ou uma família pequena, o estúdio agradou em cheio. Pertinho de mercados 24 horas, fizemos umas comprinhas de comida e aproveitamos para estocar água, bolachas e outros itens para as três noites em SP.

Biblioteca Monteiro Lobato

Deixamos o apartamento perto da tarde acabar. Mas estava um clima tão gostoso lá fora que descemos para a Praça Rotary, na Vila Buarque, onde funciona a Biblioteca Monteiro Lobato. Várias crianças, ainda de uniforme escolar, brincavam no banco de areia do parquinho, onde Maria se sentou para brincar com alguns brinquedos ali esquecidos (uma pá de plástico, uma forma de peixinho).

Então sacudimos a areia e entramos o belo prédio onde funciona a primeira Biblioteca Infantil Municipal do Brasil, criada em 14 de abril de 1936, como parte do projeto de incentivo à cultura elaborado por um grupo de intelectuais liderado por Mário de Andrade, então diretor do Departamento Municipal de Cultura. Em 1955, a biblioteca passou a denominar-se Monteiro Lobato em homenagem ao escritor de Taubaté, radicado na Capital.

Ali, nos surpreendemos com uma instalação feita com personagens do Sítio do Picapau Amarelo, para as crianças entrarem e interagir. É um lugar muito agradável, onde compensa ir com mais tempo para explorar o prédio e as exposições ali realizadas, assim como as obras literárias infantojuvenis, disponíveis para consulta.

Pausa na Livraria Cultura

Caída a noite, nos dirigimos, a pé, para a Av. Paulista, onde encontraríamos um amigo, o cineasta Lucas Siqueira, que estava prestes a se mudar para o Canadá. Subimos a Rua Augusta e fizemos hora na Livraria Cultura, uma das poucas lojas físicas da rede, no Conjunto Nacional. Maria e eu escolhemos diversos livros e, com uma pilha deles, nos deitamos na área reservada às crianças para ler.

A fome bateu e reunimos a trupe para encontrar o Lucas, num restaurante muito tradicional em SP: o Bar e Lanchonete Oliveira, na Rua Manoel da Nóbrega, no Paraíso. O local estava cheio e animado, e na mesa comprida do nosso amigo coube um prato caprichado de espetos e batata frita, degustados com cerveja e suco de laranja (para a Maria). Nossa pequena se encantou com Luísa, namorada do nosso conviva e nossa amiga também. Ela é pedagoga e, claro, se divertiu muito com Maria e vice-versa, ambas inventando brincadeiras com palitos de dente, guardanapos e massinha de pizza (essa ideia foi do Lucas).

Estávamos cansados e meio zonzos quando colocamos Maria no carrinho, que dormiu tão logo descemos a Augusta, em plena sexta-feira fim de noite com toda a sua fauna animada e ruidosa, que aguardava os inferninhos abrirem e gritava na calçada: “Abre espaço pra família passaaaar!”.

Após uma ducha quente, dormimos totalmente alheios à pauliceia desvairada da madrugada.