Fim de semana construtivista em SP

Visão geral do exterior da Exposição Imersiva “Paisagens de van Gogh”, em São Paulo (Foto: Claudio Vitor Vaz)

Aprendi, muito cedo, a nunca subestimar uma criança. Formada em Magistério (quando ainda existia este curso profissionalizante, uma alternativa ao antigo Colegial – atual Ensino Médio), estudei educadores como o cientista suíço Jean Piaget (1896-1980), criador do método de aprendizado chamado de Construtivismo, uma alternativa ao método convencional.

No ensino tradicional, a criança é tratada como uma garrafa vazia, na qual os adultos, os mestres e tutores vão preenchendo com conteúdo, o que significa colocar (quando não, impor), algo de fora para dentro.

Sob a ótica construtivista de Piaget, a lógica é bem outra: a criança é uma garrafa meio cheia, ou não totalmente vazia. Ela chega à escola com algum conteúdo, e cabe ao mestre trabalhar esse ‘recheio’, misturando-o às coisas de fora. O adulto ajuda a criança a formar o seu próprio conhecimento, a partir do que ela já sabe. E um conhecimento desse, bicho, ser humano nenhum esquece.

Então, foi assim e assim é: quando tive Maria Paula, há pouco mais de três anos, decidi que ela seria mestre tanto quanto eu e o pai dela, ou qualquer outro adulto sabichão. Desde bebê, ela é estimulada a observar, experimentar, tocar, sentir diferentes tipos de materiais, sabores, contextos, situações.

Desde muito cedo, ela foi apresentada ao teatro, à música, aos espetáculos artísticos, às exposições de arte. Museu, para ela, é um lugar divertido – e não chato, como muitos de nós fomos levados a crer.

E foi nesse espirito empírico que rumamos para São Paulo, a capital dos sabores, dos museus, da cultura, para passarmos um fim de semana estimulante. O roteiro básico foi desenhado em poucos dias: hospedados num apartamento na icônica Rua Maria Antônia (famosa pela batalha entre os estudantes da USP e do Mackenzie, nos aos 1960), estávamos decididos a visitar as exposições por ali: no Centro Universitário Maria Antônia, da USP; no Museu de Arte Brasileira, da FAAP; e na exposição itinerante imersiva sobre Van Gogh, no Shopping Pátio Higienópolis.

Um pouco mais distante, nos agendamos para as exposições História das Mulheres e Histórias Feministas, no Masp, e na mostra fotográfica Gold – Minas de Ouro Serra Pelada, de Sebastião Salgado, no Sesc Av. Paulista. Mas como São Paulo é sempre uma surpresa, fomos agraciados por outras exposições e experiências para lá de construtivistas pelo caminho