Produtores chilenos lançam a rota enoturística Vinícolas de Autor

Produtores chilenos no Restaurante Cantaloup, em São Paulo. Foto: Claudio Vitor Vaz

O Valle de Casablanca fica numa região estratégica do Chile: entre Valparaíso e Santiago, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. A cidade de Casablanca, encravada no vale, faz parte da Rede de Capitais de Grandes Vinhedos, o Great Wine Capitals, o que significa que está entre os dez destinos mais importantes dentro do enoturismo mundial, ao lado de Mendonza, Bordeaux, Veneza e outras.

Naquele pequeno povoado de 30 mil habitantes, vivem produtores artesanais que, há menos de um ano, decidiram se unir no projeto Vinícolas de Autor, uma rota enoturística, cultural e gastronômica desenvolvida especialmente para o mercado brasileiro, em parceria com restaurantes e hospedarias. Tem esse nome porque reúne sete vinhas familiares, onde o vinho é elaborado pelos seus proprietários.

A proposta foi apresentada pela primeira vez fora do Chile, no dia 2 de abril, em São Paulo, em coletiva de imprensa no restaurante Cantaloup, no Itaim Bibi – com degustação de vinhos harmonizados com queijos e uma ceviche de robalo, preparada pelo chef Gonzalo Donoso Vásquez, do restaurante Macerado, um empreendimentos parceiros do projeto.

Também estiveram presentes os proprietários e representantes das vinícolas Attilio e Mochi Passionate Winemakers, Bodegas RE, Casa Romero, Casa Roca Vineyards, Villard Fine Wines, La Recova e Estancia El Cuadro (um misto de vinícola, museu e centro recreativo e cultural), além do Hotel Casablanca Boutique e da hospedaria Casa Macayre. Detalhe: a Villard e as Bodegas RE são as pioneiras no Valle Casablanca.

“As sete vinícolas e demais parceiros se juntaram para potencializar seus produtos e oferecer experiências que vão além da degustação de vinhos”, explica Patrícia Sevilha, especialista em turismo, que fez a ponte entre os integrantes do projeto com o Brasil.

Por que o foco no turista brasileiro? A resposta veio em forma de números, apresentados durante a coletiva: porque o Brasil importa 75% do vinho que consome e 57% dos brasileiros que viajam escolhem fazer enoturismo, mas somente 10% dos turistas que visitam o Chile são brasileiros. É este gap, este descompasso, que os vinicultores de Casablanca desejam corrigir.

Apesar disso, o Valle de Casablanca é destino conhecido dos brasileiros amantes do vinho: um a cada três visitantes das vinícolas locais vem do Brasil. O que os produtores do projeto Vinícolas de Autor desejam agora é apresentar o lado B das já conhecidas, como Valle do Maipo e Colchagua. A expectativa é que mais turistas do País conheçam e explorem melhor tudo o que a região tem a oferecer..

“Eu gostaria muito que o brasileiro saísse dos shoppings e entrasse na cultura dos países que visita, com o espírito de conhecer e interagir mais com as pessoas. Aqui, somos dez empresas, todas pequenas. Quando a gente elege o Brasil para fazer este investimento, é porque acreditamos muito no mercado brasileiro”, disse a brasileira Angela Mochi, da Attilio e Mochi, radicada no Chile há oito anos, ao lado do marido, Marcos Attilio”, para produzir vinho.

Foi Angela quem teve a ideia de reunir os vinicultores artesanais no projeto Vinícolas de Autor, e destaca alguns motivos para o brasileiro visitar o Valle de Casablanca: “A gente tem um dos melhores restaurantes do Chile, o Macerado, e o melhor hotel da região, que é o Casablanca Boutique. Temos o Prêmio de Inovação Turística para a Estancia El Cuadro, que oferece um programa de observação de estrelas com degustação de vinhos. E também temos o melhor vinho de Malbec do Chile, que é da Attilio e Mochi. Isso é só para dar uma palhinha de tudo o que o brasileiro vai encontrar. Não somos vinícolas normais, mas de gente apaixonada pelo que faz, que é mão na massa mesmo. Se vocês olharem para os meus dedos, eles estão roxos, porque estamos em época de colheita”.

Muito além do Sauvignon Blanc
O projeto Vinícolas de Autor conseguiu apoio do governo chileno, que está investindo U$ 60 mil por meio da Corporación de Fomento de la Producción (Corfo), vindo a baratear o preço final dos roteiros para o turista brasileiro, que varia entre R$ 34,15 e R$ 136,70. Inicialmente, proporciona até cinco roteiros, que podem ser conhecidos no site www.vinicolasdeautorchile.com.

Os produtores abrem suas casas e bodegas a visitantes dos mais variados paladares, para degustação de rótulos de edição limitada, que vão muito além do Sauvignon Blanc. Em Casablanca, também são oferecidos assemblages (mistura de diferentes tipos de uva), vinhos tinto, rosé, laranja e espumante, alguns produzidos por meio de antigas técnicas, num ambiente de tranquilidade e harmonia com a natureza.

Indicado para famílias, grupos e casais, os roteiros combinam passeios aos campos (que podem incluir participação na colheita) e à costa chilena, museus, gastronomia local e encontros com os autores dos vinhos, para degustação de duas a três taças de vinhos exclusivos.