Park dos Lagos: empreendimento familiar raiz
Da Redação
Acampamento no verão é assim, crianças a brincar por todo lado e adultos a conversar festivamente ao lado de coolers. Nesse cenário, alegremente caótico, um homem alto, de braços largos e tatuados, observava com dedicação pequenos frascos de água. Seus momentos em câmera lenta contrastavam com a velocidade frenética das crianças e as risadas etílicas dos adultos.

Aproximei-me daquele personagem e perguntei o que fazia. Ele explicou calmamente como se fosse de praxe. Estava a medir a qualidade da água e a separar os agentes químicos de limpeza, pois o horário do fechamento das piscinas estava próximo. “Fechamos às 19h para que os produtos de limpeza façam efeito na água antes do horário de reabertura das piscinas amanhã seguinte”. Tamanha era a sua dedicação e concentração no que fazia que não tive dúvidas de recomeçar nossa conversa perguntando há quanto tempo era proprietário daquele camping. Ele sorriu. Sim, ele era o proprietário, e passamos a conversar até a ultima criança ser carregada pelos pais para fora da piscina.

Valmir Lugli, carreteiro de longa data, decidiu tirar um pouco o pé do acelerador. Durante 37 anos, percorreu o Brasil de norte a sul com sua carreta, a conhecer paradas e fazer amigos, mas sentiu que era hora de diminuir os tempos e as distâncias das terras onde estava o seu coração. Na estrada fez sua vida, mas era no Circuito das Águas Paulistas que repousava o seu legado: a família.

Decidiu com a costureira de profissão e companheira de vida, Marilandes Muciacito, unir experiências. Criaram uma confecção. Marilandes inventava e costurava e Valmir distribuía e vendia. A ideia deu certo. Com o tempo lojas foram abertas, a demanda cresceu e uma fábrica nasceu. Nem por isso Valmir deixou o amor pelas carretas de lado, comprou mais carretas e abriu uma transportadora.

Ventos de mudanças nos negócios sopravam da China, e os Muciacito Lugli apontaram as velas para outros rumos. Encerraram a bem-sucedida experiência com as malhas e compraram terras em 2014. Um sítio próximo à Socorro, com lagos naturais, onde passavam o tempo com a família e os amigos. Em meio a churrascos e lazer, a família viu naquelas terras um potencial. Wender e Weber, filhos de Valmir e Marilandes, não paravam de ter ideias.
No ano seguinte inauguraram um pesqueiro, uma pizzaria, restaurante, piscina e um sistema day-use para os frequentadores de fins de semana. Em 2016 Wender e Weber aproveitaram sugestões de amigos e inauguraram a opção de camping no sítio. A rede de contatos dos irmãos e dos amigos da família deu certo. Uma estrutura foi desenvolvida e campistas começaram a visitar o sítio da família para estender suas barracas e desfrutar dos atrativos naturais da terra.

Em sintonia, a família continuou a inovar. Além dos lagos de pesca (sistema pegue e solte) e equipamentos como iscas e varas (para venda e aluguel) o empreendimento incluí área de camping mista para barracas e motorhome, com pontos de água e eletricidade, cozinhas comunitárias, a trilha da Pedra Silenciosa, piscinas, a principal, aberta e a fechada, climatizada por painel solar e resistência elétrica (uma piscina infantil climatizada e um toboágua em construção), campo de futebol, playground, redário, tirolesa e, desde 2018, pousadas, ready-camp e chalés, para mensalistas e visitantes, distribuídos num espaço de 3 alqueires (algo em torno de 70 mil m²).

Tudo isso num ambiente familiar, tendo como pilares regras claras e rigorosas de silêncio, higiene e respeito. Valores que a família instituiu como preceitos básicos para os visitantes usufruírem os atrativos de sua “casa”. “Nosso publico é bem fiel, sempre regressa e tem sido assim desde os tempos do pesqueiro. Gerir um camping proporciona conhecer muita gente diferente, criar novas parcerias e fazer amizades. Isso aumenta muito o conhecimento de todos nós. Aceitamos críticas construtivas e crescemos com elas, principalmente do campista de verdade, pois esse já sabe o que é acampar e respeitar o coletivo”, diz Wender Lugli.