Chapada dos Veadeiros para crianças

Viagens dos papais #1 – Chapada dos Veadeiros, 2012, por Claudio Vitor Vaz

De volta à pousada, encontrei-me mais uma vez com o jovem casal e o pequeno mochileiro. Eles costumavam ficar na piscina nos finais de tarde, mas desta vez fui até eles para conversar. Renata e Ludovic se conheceram no Brasil. Ela baiana de Trancoso e ele, bretão de Rennes, França. Ainda sem se conhecerem, os dois viajavam o mundo, mas foi no Brasil o encontro decisivo. Juntos, continuaram a viajar pelo Oriente e o Ocidente, e foi durante uma dessas viagens que veio, em 2010, o mais novo membro da família. “Lyor foi feito no Egito, e descoberto na Jordânia”, diverte-se Ludovic.

Renata, Lyor e Ludovic , em São Jorge, Chapada dos Veadeiros. Foto: Claudio Vitor Vaz

“Ele nasceu na França, nos Alpes, próximo à cidadezinha de Échirolles”, completa a mãe Renata. Hoje vivem entre França e Brasil, trabalham no campo durante o verão francês e viajam o resto do ano com Lyor pelo mundo. Nos anos impares visitam algum país no Oriente, nos anos pares visitam o Brasil. “Desde que nasceu Lyon já viajou por mais de 70 voos e sempre se portou bem”, orgulha-se o pai.

Fiquei curioso sobre os lugares que já visitaram por este mundo afora, mas naquela ocasião a minha maior curiosidade era como faziam para pegar a estrada com o pequeno Lyor. Afinal, não era todo dia que conhecia viajantes profissionais com filho e mochilas às costas. “Revezamos em tudo. Quando não é possível levar o Lyor a um passeio, fica o Ludovic com ele e vou eu, no dia seguinte trocamos”, explica Renata.

“Quando queremos muito fazer um passeio juntos, contratamos uma babá”, explica Renata. “Há também itens que não podemos esquecer de levar em nossas viagens com Lyor: a caminha dobrável, protetor solar, repelente, chapéu de sol e o principal, que não podemos nunca esquecer, o “Dudu”, ou, fraldinha de dormir, como é conhecido aqui no Brasil”, explicam  Ludovic e Renata quase que em simultâneo.

Relaxando na piscina da pousada, na última noite desta viagem à São Jorge, pensei nas atrações da Chapada que tinha visitado e como começaria este texto. Não tinha um roteiro, uma vez que passei todos os dias revisitando lugares e conhecendo pessoas aleatoriamente. Lembrei daqueles que não pude visitar, ou por não estarem mais neste mundo, ou por não estarem com saúde para conversar.

Não vi a Dona Chiquinha, mas conheci o seu neto, o Neto. Não escutei as histórias do senhor Domingos, mas conheci gente que lembrava das suas anedotas. Não estava mais lá o velho Pelé, mas lá estava o seu bar com o reggae tocando alto. Não estava também o meu amigo João Lúcio, mas ganhei um novo amigo, o  Valtinho. São Jorge não mudou muito, mas as amizades já não são as mesmas. Os novos amigos completam a presença, de certa forma, dos que se foram, e a vida continua.

Deixo mais uma vez São Jorge para contar o que vi e conheci, já pensando nos preparativos da próxima visita, que terá que ter mais um protetor solar, repelentes, chapéu de sol e uma mochilinha.

Trilha dos Saltos Cachoeira de 120 mts, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Fotos: Claudio Vitor Vaz