Cavernas com crianças no Núcleo Caboclos – Petar

Milenares e misteriosas, as cavernas da Serra do Mar formam um santuário de espécies raras, que conta a história evolutiva da Mata Atlântica do Sudeste. As mais ornamentadas e acessíveis grutas e cavernas dessa região se concentram no Alto Ribeira e no Vale do Ribeira. Foi para lá que viajamos, entre os dias 12 e 17 de abril deste ano, quando decidimos buscar um destino diferente para explorar em família.

O mundo subterrâneo é um universo à parte, que merece ser conhecido e admirado, pois as cavernas formam cenários espetaculares, com salões gigantes, dunas, cachoeiras, abismos e formações rochosas que mais parecem ornamentos.

Maria Paula e o guia Pedro observando Opiliões. Núcleo Caboclos – Petar. Foto: Claudio Vitor Vaz

Nosso primeiro destino foi o Parque Turístico do Alto Ribeira (Petar), que abrange os municípios de Apiaí e Iporanga, interior de São Paulo. Criado em 1958, é um dos mais antigos do Estado, com 35.719 hectares, e o segundo maior do Brasil em concentração de cavernas: 474, no levantamento mais recente, em 2010.

Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como um patrimônio da humanidade, o Petar também é formado por cachoeiras, trilhas, comunidades locais e sítios arqueológicos, mas são suas 12 cavernas abertas à visitação que atrai os turistas: por ano, o parque recebe mais de 40 mil visitantes.

Pedro Ernesto, monitor ambiental e fundador da agência Primatas Aventura. Foto: Claudio Vitor Vaz

Ali dentro, só se passeia acompanhado de monitor ambiental credenciado. O nosso foi Pedro Ernesto, da Primatas Aventura, a quem encontramos no Núcleo Caboclos, na divisa entre Apiaí e Iporanga, onde visitantes e pesquisadores podem acampar (leia mais abaixo).

O núcleo fica a 389 quilômetros de Santos, a seis horas de viagem. Após passarmos pela recepção do parque, percorremos 17 quilômetros de uma alameda de terra, chamada de Estrada do Espírito Santo, cercada de mata e lírios selvagens.

Área de camping do núcleo Caboclos, Parque Turístico do Alto Ribeira – Petar. Foto: Claudio Vitor Vaz

O camping fica numa clareira no meio da mata, no centro do Petar, perto de duas pequenas cavernas, a Chapéu Mirim I e Chapéu II, logo no começo da trilha que leva para outras duas cavernas maiores: Chapéu das Aranhas e Gruta do Chapéu.

Chegamos ao final da tarde e a primeira coisa que fizemos foi montar nossa barraca. Então, subimos até o local de um antigo alojamento, com choupanas de madeira utilizadas como suporte por pesquisadores, guias, visitantes e guardas. Uma delas é residência de Laureano Remigio de Siqueira, ou como é conhecido o ‘Seo’ Amoroso, vigia do parque, que nos ajudou a acender fogueira ao lado da barraca.

Maria Paula ajudando o “Seo” Amoroso a preparar a fogueira no camping. Foto: Claudio Vitor Vaz

Pacientemente, ele juntou vários galhos de árvore e, com muita dificuldade por causa da umidade da mata, conseguiu fazer o fogo acender. Foi o suficiente para nos esquentarmos um pouco e termos alguma luz para prepararmos a janta no nosso pequeno fogareiro de chão.

Após um banho frio num dos alojamentos, subimos até a casa de Amoroso, que nos convidou para ouvi-lo tocar sanfona. O ambiente era quente e acolhedor. Um amigo dele, guia do parque, preparava macarronada em seu fogão, enquanto um jovem casal da Colômbia contava sua aventura ao explorar a América do Sul a bordo de uma moto.

Seo Amoroso a tocar sanfona para os recém chegados ao Núcleo Caboclos – Petar. Foto: Claudio Vitor Vaz

Permanecemos ali o suficiente para nossa filha, Maria Paula, de 3 anos, adormecer em nossos braços, sob a música melodiosa de Amoroso. Fazia um belo luar lá fora, o suficiente para enxergarmos a trilha até o camping – onde a nossa fogueira já havia cedido ao frio.

Saiba mais sobre o Núcleo Caboclos
Foi o primeiro núcleo de visitação a ser criado e está localizado bem ao centro do PETAR, no Bairro Espírito Santo, divisa entre Apiaí e Iporanga. Possuí um relevo mais elevado em relação aos demais núcleos do PETAR, chegando a mais de 1000 metros de altitude em alguns pontos próximo à sua base.
É o único núcleo de visitação do parque que possuí em seu interior área para camping. Com lavanderias, banheiros e sanitários.
Pra entrar no núcleo é cobrado uma taxa de R$ 15,00 (visita diária) e de R$ 18,00 a pernoite para acampar.
No núcleo Caboclos estão algumas das cavernas mais lindas do PETAR, como a Caverna Tememina, a Caverna Desmoronada e a Pescaria.
Localização:
Acesso no Km 294 da Rodovia SP – 250 (26 km de Apiaí ou 37 km de Guapiara), segue-se por 17 km pela Estrada do Espírito Santo (estrada de chão) até a base do Núcleo.
O Núcleo Caboclos está à cerca de 75 km do Núcleo de Santana (principal núcleo do PETAR).